A
escatologia, especialmente no que diz respeito ao Milênio, parece merecer a
pecha de assunto bíblico mais polêmico. Devemos, por isso mesmo, ter uma maior
medida de graça neste assunto para com irmãos que pensam de forma diferente,
especialmente quando temos uma crença principal em comum, que é a volta de
Cristo, tal qual um ladrão, o que implica dizer que “advertências” como "ei-lo
ali (!)", ou, "lá está ele (!)" não devem ser escutadas, pois são discursos de
falsos profetas (Lucas 17:23). Toda igreja é apta a entender os sinais da vinda
de Cristo, e de forma alguma será pega de surpresa. O mundo incrédulo, todavia,
será surpreendido, como o povo foi nos dias de Noé (Mt 24:37). A igreja é a
única autorizada a proclamar a volta de Cristo, e assim faz mesmo sem conhecer o dia e a hora (Mt
24.36), mas advertindo o mundo que este momento se aproxima. Quando a
igreja finalmente souber O Dia, Cristo já terá vindo, e será tarde demais para
os incrédulos.
Isso
não afasta nosso dever de submeter nossas crenças ao escrutínio das escrituras
sagradas. A palavra final, no fim das contas, pertence a Deus, e somente ele é
sabedor de todas as coisas. Minha intenção, neste post, é justamente essa,
submeter as principais perspectivas concorrentes sobre o milênio à autoridade
das escrituras, sem a intenção de ter a palavra final sobre o assunto, estando
aberto, inclusive, a admitir erros pontuais e até mesmo uma completa visão
equivocada sobre o assunto. Diante da autoridade das escrituras, só nos resta
arrefecer nossas interpretações particulares, e agindo assim, somente
ganharemos.
As
perguntas a seguir foram extraídas do excelente blog sobre escatologia do Bispo
Ildo Mello, da Igreja Metodista (http://escatologiacrista.blogspot.com.br/2011/07/questoes-para-os-pre-milenistas.html).
O bispo Ildo Mello é defensor do amilenismo, e fez em seu blog relevantes
perguntas aos pré-milenistas, merecedoras de respostas nos limites daquilo que
a Bíblia nos informa, pois sabemos que ela não se propõe a responder todas as
coisas, mas apenas as coisas essenciais. É importante ter em vista que as
perguntas do Bispo foram feitas tendo em mente o pré-milenismo
dispensacionalista, o que não torna menos oportuna uma análise e resposta das
questões com base no pré-milenismo clássico, ou seja, na visão dos Cristãos dos
primeiros séculos.
Para
uma escorreita análise das perguntas e das respostas, é importante consultar
todas as referências de passagens bíblicas mencionadas, pois nem todas as
perguntas e respostas trazem citações das passagens referidas, o que seria
antieconômico para a proposta de espaço de um blog. Isto se faz salutar para
que cada um verifique por si mesmo se as referências de versículos são
pertinentes, ou, ao contrário, são sem pertinência com o debatido.
RESPONDENDO A UM AMILENISTA
P.1 (Pergunta) - Se o Apóstolo
Paulo claramente ensina que o último inimigo que é a morte será destruído por
ocasião da Segunda Vinda de Cristo (1 Co 15.25,26,54), como dizem os
pré-milenistas que haverá morte no milênio que segundo eles acontecerá após a
Segunda Vinda de Cristo?
R.1
(Resposta) - A morte como último inimigo é perfeitamente condizente com o
pré-milenismo, pois ela é anulada em definitivo no juízo final, após o milênio,
quando ela mesma é lançada no lago de fogo (Ap. 20:14). Veja-se: “e a morte e o inferno foram lançados
no lago de fogo. Esta é a segunda morte”. O lançamento da própria morte no
lago de fogo equivale ao seu fim, dali para frente, pois não fará mais vítimas.
Mas observe que, para os que têm parte na primeira ressurreição, ela já não
tem poder desde a segunda vinda de Cristo (Ap. 20:6), pois os corpos dos
salvos estarão transformados. Veja-se: “Bem-aventurado
e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem
poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão
com ele mil anos”. Veja que os crentes em Cristo por ocasião de sua vinda
estarão livres não apenas da morte (terão ressuscitado), mas também da segunda
morte. Os crentes ressuscitam não apenas para nunca mais morrer, mas para a
vida eterna. Já os ímpios ressuscitam para a morte eterna.
P.2 - Como poderemos exclamar
"destruída foi a morte pela vitória" por ocasião da Segunda Vinda de
Cristo se a morte continuará fazendo vítimas no milênio pré-milenista?
R.
2 - Os que partilham da primeira ressurreição já estarão livres da morte,
eternamente. Esta é uma exclamação exclusiva dos salvos e para os salvos em
Cristo, pois para os incrédulos está reservada a segunda morte, que é eterna,
assim como a vida que Deus promete aos seus filhos é eterna.
P.3 - Quem estaria com a razão,
Paulo, quando afirma que a morte será destruída na Segunda Vinda de Cristo, ou
os pré-milenistas que ensinam que isto acontecerá apenas depois do milênio?
R.
3 – Respondido nos itens 1 e 2. Reforçando o já dito, Paulo e os pré-milenistas
estão certos. Mesmo numa perspectiva amilenista, o Juízo Final se sucede (não
ocorre no mesmo instante) à segunda vinda de Cristo, ainda que imediatamente, quando
a própria morte é lançada no lago de fogo. Na perspectiva pré-milenista, a
segunda vinda de Cristo deflagra a primeira ressurreição, que é nada mais que a
vitória eterna sobre a morte para os que esperam em Cristo “Bem aventurado e santo é aquele que tem
parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade”
(Ap 20:6). Na perspectiva amilenista, todavia, esta vitória sobre a morte destoa
completamente do afirmado pelos apóstolos Paulo e João, pois sequer precisou
esperar a segunda vinda de Cristo. Se interpretarmos figurativamente a “primeira
ressurreição”, a vitória sobre a morte ocorreu antes mesmo da segunda vinda de
Cristo. Isto também já indica o equívoco de se interpretar a “primeira
ressureição” como nossa parte na promessa da salvação, mediante o novo
nascimento, pois a Bíblia, em Ap 20:5, refere-se a pessoas efetivamente mortas,
que ressuscitam, e reinam com Cristo, e não aos crentes em geral, mortos
simbolicamente com Cristo (Cl 2.20). Como a ressurreição aqui tratada poderia
ser simbólica se o texto fala em mártires? (aqui sim, simbolizando todos os
crentes que morreram, martirizados ou não) Como se aplicaria a ideia de novo
nascimento a pessoas já mortas? Batismo pelos mortos? Conquanto estejamos
mortos simbolicamente com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, isto só faz
sentido aos vivos, e não àqueles que já morreram na fé. Tampouco faz sentido
falar-se em ressurreição simbólica de pessoas que efetivamente apenas aguardam
a ressurreição literal (pois já morreram na fé). Ademais, Ap 20:5 (conforme a
totalidade das versões e traduções consultadas) fala em “o restante dos
mortos”, ou “os outros mortos”, expressões que somente fazem sentido como
contraponto aos mortos ressurretos na primeira ressurreição, que são os salvos.
Os “outros mortos” são aqueles que estão de alguma forma sujeitos à segunda
morte. Veja-se a passagem: “vi tronos em
que se assentaram aqueles a quem havia sido dada autoridade para julgar. Vi as
almas dos que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e da palavra
de Deus. Eles não tinham adorado a besta nem a sua imagem, e não tinham
recebido a sua marca na testa nem nas mãos. Eles ressuscitaram e reinaram com
Cristo durante mil anos. (O restante dos mortos não voltou a viver até
se completarem os mil anos). Esta é a primeira ressurreição”. Felizes e santos os que participam da
primeira ressurreição! A segunda morte não tem poder sobre eles (Apocalipse
20:4-6). Não faz sentido atribuir à expressão “restante dos mortos” a ideia de
uma ressurreição geral, de justos e de ímpios. A ideia de mil anos, mesmo que
se queira ver de forma não pré-milenista, seria completamente esvaziada, pois nesta
linha de interpretação (e buscando-se nela alguma coerência), o texto estaria a
afirmar que apenas alguns salvos (os que morreram literalmente no primeiro século)
teriam ressuscitado e estariam reinando com Cristo mil anos (no estado
intermediário), ressuscitando os demais salvos (os outros mortos) somente
após o milênio, junto aos incrédulos. Se a contraposição de uma ressurreição
simbólica a uma ressurreição literal, por si só, já desafia o texto, mais
ainda quando o texto exclui expressamente os ressurretos na primeira
ressurreição da segunda ressurreição (“os OUTROS mortos”), pois quando o texto
assim o faz, “blinda-se” por completo de uma interpretação diversa da
pré-milenista.
P.4 - A expressão "até
que" de 1 Coríntios 15.25 não indica um desenvolvimento paulatino do Reino
em que os inimigos vão sendo gradativamente postos debaixo dos pés de Cristo e
não abruptamente como ensinam os pré-milenistas?
R.4
- Cristo reinará no milênio com cetro de ferro (Ap 2:27; Ap 12:5 e Ap 19:15). Em
Ap 2:26 e 27, Cristo faz uma promessa (para
a era vindoura) aos crentes de Tiatira, de que reinariam sobre as nações
com cetro de ferro. Referida passagem é absolutamente incompatível com o
amilenismo, pois não se pode conceber que o “reinar” prometido seja gozado no
estado intermediário entre a morte e a ressurreição. Apocalipse 20 deixa claro que uma
ressurreição precede este “reinar” (o que exigiria do amilenista
estabelecer uma terceira concepção de ressurreição, situada entre a
ressurreição simbólica com Cristo em vida e a ressurreição literal dos mortos).
Ainda que assim não se entendesse, de que forma os salvos que estão no paraíso
(estado intermediário) poderiam de alguma forma influir na vida que se passa
aqui na terra? Os salvos não meramente reinam com Cristo, mas reinam sobre
as nações, e com autoridade antidemocrática (!), o que não quer dizer sem equidade
(Sl 45:6). Para George Eldon Ladd, “em 1ª Coríntios 15:23-26 Paulo retrata o
triunfo do reino de Cristo como sendo realizado em vários estágios. A
ressurreição de Cristo é o primeiro estágio (tagma). O segundo estágio ocorrerá na parousia, quando aqueles que são de Cristo compartilharão da Sua
ressurreição. 'Cada um, porém, a sua
própria ordem: Cristo, as primícias; depois,
os que são de Cristo, na sua
vinda. Então virá o fim, quando ele entregar o Reino a Deus, o Pai,
depois de ter destruído todo domínio, autoridade e poder. Pois é necessário que ele reine até que todos os seus inimigos sejam
postos debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte.'
Os advérbios traduzidos por 'então' são epeita,
eita, que denotam uma seqüência:
'depois disso'. Existem três fases distintas: a ressurreição de Jesus; depois
disso (epeita) a ressurreição dos
crentes; depois disso (eita) e o fim
(telos). Um intervalo não
identificado cai entre a ressurreição de Cristo e Sua parousia, e um segundo intervalo (o milênio) indefinido cai entre a
parousia e o telos, quando Cristo completa a sujeição de seus inimigos."
Como se percebe, o último inimigo é destruído, em definitivo, APÓS a parousia (Ap 20.14).
P.5 - Como a interpretação
pré-milenista se harmoniza com as Parábolas do Reino (Mt 13) que ensinam que o
Reino de Deus se estabelece de maneira gradativa como o desenvolvimento da
plantação de um grão de mostarda e também híbrida com a presença do joio no
meio do trigo, onde temos também a presença do maligno representado pelo
inimigo que planta o joio e pelos pássaros?
R.
5 – “Os reinos do mundo vieram a ser de
nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre” (Apocalipse
11:15). Quando em Lucas 17, versículos 20 e 21, os fariseus interrogam a Cristo
acerca da vinda do reino de Deus, e Jesus declara que o reino não vem com
visível aparência, mas já estava entre eles, afirmava aos fariseus que Sua
pessoa e obra já estavam atuando em meio deles. Nesta mesma passagem (Lc
17.20-37), Cristo fala de sua segunda vinda, visível para todos, e repentina
para os incrédulos, que não receberam o reino de Deus em seus corações quando o
mesmo ainda não era visível, e não poderão reinar com Ele em sua vinda. O reino é semeado (suscitado, conforme
Dn 2.44) na primeira vinda, e colhido na segunda. O milênio é a manifestação
gloriosa do reino, antes imperceptível, a partir da segunda vinda de Cristo. Para
uma melhor compreensão das parábolas, o texto: http://thusiadezebah.blogspot.com.br/2016/01/pre-milenismo-classico-vs-amilenismo-1.html,
na parte “Perpesctiva pré-milenista histórica dos principais argumentos
amilenistas”.
R.6 - Se o reinado de Cristo se
processa até a destruição do último inimigo que é a morte, como dizem os
pré-milenistas que este reinado começará após a Segunda Vinda, quando bem
sabemos que é exatamente por ocasião da Segunda Vinda que a morte será
destruída?
P.6
- Para os eleitos, vale a frase: "onde
está, ó morte, a tua vitória?!",
isto já na segunda vinda de Cristo, como afirma a palavra de Deus. A
morte como existência, todavia, só será em definitivo aniquilada no Juízo Final,
após o milênio (Ap 20:14). Observe que a morte não se confunde com a segunda
morte. A segunda vinda de Cristo não traz apenas a vida eterna para os que nele
esperam, mas também a morte eterna, no caso, para a besta e o falso profeta (Ap
19:20), antes mesmo do milênio.
P.7 - Se Paulo ensina que a
Ressurreição física dos mortos em Cristo marca a destruição do último inimigo
que é a morte, e se também ensina que "é necessário que ele (Jesus) reine
até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés", então,
como podem os pré-milenistas ensinarem que a ressurreição física dos mortos
precede o reinado milenar de Cristo quando Paulo aponta exatamente para o
contrário disto?
R.7
– Paulo aponta exatamente para o contrário do defendido por amilenistas. Como
já explicado anteriormente, a ressurreição física dos justos põe fim à morte
dos santos, eternamente (daí a vital importância da ressurreição na doutrina
cristã). Ela não poderia por fim à morte dos ímpios, pois para estes está
reservada uma espécie de morte ainda pior, que é a morte eterna. Só reinarão no
milênio os transformados na vinda de Cristo, pois nem carne nem sangue podem
herdar o reino de Deus (1 Coríntios 15:50). Os que não forem transformados
estarão do lado de fora da cidade santa (Ap 21.27). Como respondido no item 4, 1ª
Coríntios 15:23-26 confirma a perspectiva pré-milenista, ao situar um reinado
com cetro de ferro sobre as nações, entre a sua segunda vinda e o juízo final.
P.8 - Se o último inimigo que é a
morte será destruído na Segunda Vinda, por que ainda haveria espaço para o
surgimento de novos inimigos e de mais uma rebelião e guerra no final do
milênio conforme afirmam os pré-milenistas?
8
- Um pré-milenista não precisa ter todas as respostas sobre o milênio, mas
entende que existirão pessoas para o diabo amealhar. Como? O capítulo 19 de Apocalipse
mostra a derrota da besta e do anticristo por Cristo em sua segunda vinda. Mas
a derrota do dragão (Satanás) é situada no futuro, pois quando Satanás é
lançado no lago de fogo e enxofre, lá JÁ SE ENCONTRAM a besta e o falso
profeta (Ap. 20:10). Se nos permitirmos especular, podemos identificar desde o
princípio da história o esforço do homem em viver de forma plena sem Deus.
Caim, precursor de uma geração apartada de Deus, construtor da primeira cidade de
que se tem notícia (Gn 4:17); Babel, cidade cujos moradores desejavam alcançar
o domínio e poder sem limites (Gn 11:4-9); Sodoma e Gomorra, as duas cidades
impenitentes (Gn 18:16-29); Nínive, cidade cuja maldade atingiu o imponderável
(Jn 1:2); Roma, cidade onde se registra homens que Deus entregou às paixões
infames (1:26-32), dentre outras. Estas cidades representam o império da
injustiça, e se diferem da Jerusalém celestial, a cidade de Deus. Nas palavras
de Timothy Keller: “É a luta entre a
Babilônia, representando a cidade do homem, e Jerusalém, representando a cidade
de Deus. A cidade terrena é uma metáfora da vida humana construída sem Deus,
criada para a autossalvação, para o autosserviço e para a autoglorificação. Ela
retrata o cenário de exploração e injustiça. Mas a cidade de Deus é uma cidade
baseada em sua glória e no serviço sacrificial a Deus e ao próximo. Essa cidade
apresenta um cenário de paz e justiça” (Timothy Keller, Igreja centrada:
desenvolvendo em sua cidade um ministério equilibrado e centrado no evangelho,
São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 169). É compreensível que o último ato dos
inimigos de Deus seja justamente contra a cidade santa.
P.9 - Por que razão Jesus, após
sua vinda gloriosa, deveria ainda ter de governar sobre seus inimigos com vara
de ferro, e ainda ter de esmagar uma absurda rebelião no fim do milênio? P.10 -
Por que razão Jesus, após a sua gloriosa Segunda Vinda, teria de passar por
nova humilhação representada por uma rebelião mundial contra o seu justo governo
de mil anos?
R.9
e R.10 - Só podemos especular. Mas não haverá humilhação para Cristo, pois esta
foi vencida já na cruz do calvário. Os rebeldes, ao fim do milênio, serão
devorados instantaneamente por fogo do céu. Aqui, não há mais uma Grande Tribulação.
Veja que é a cidade santa que é sitiada, onde os eleitos já habitam e reinam
com Cristo. A grande tribulação envolve perseguição aos crentes de todo o povo,
língua e nação (Ap. 7.9) e a peleja contra o cordeiro se concentra no vale de
Jezreel. Jesus Cristo então regressa, reunindo os seus escolhidos dos quatro
cantos do planeta (Mt 24:31, Mc 13:27). Na batalha final (Ap 20:8-9), por sua
vez, são os inimigos do povo de Deus que procedem dos quatro cantos da terra, e
se unem contra o santo arraial (Jerusalém). Diferentemente das passagens sobre
os selos e as trombetas, que repetem a segunda vinda de Cristo (também descrita
em Apocalipse 19) com detalhes específicos, a batalha final descrita em Apocalipse
20 é em muito diferente.
P.11 - Como explicar que no final
do milênio, Satanás será solto e num período curto de tempo conseguirá promover
uma rebelião sem precedentes contra Jesus arrebanhando uma multidão incontável
de todas as nações? P. 12 - Que argumento usaria Satanás para enganar as nações
no final de um milênio presidido física e pessoalmente pelo Todo Poderoso,
Justo e Amoroso Cristo?
R.11
e R.12 - Também só podemos especular, mas Shedd (cf. comentário Bíblia Shedd)
diz: "o fato de que após o reinado
perfeito de Cristo as nações ainda serão susceptíveis a se rebelarem contra
Deus, mostra a profundeza da pecaminosidade do homem". Evidencia que a
conversão e a salvação apenas se dão com um novo nascimento, obtido pela graça
de Deus, mediante a obra do Espírito Santo, e não por meios persuasivos, como
argumentos, por mais irrebatíveis que sejam (e sempre foram).
P.13 - Não é absurda a ideia de
que uma multidão de rebeldes alimente qualquer espécie de esperança de vitória
contra o Todo Poderoso Cristo e seus santos com corpos glorificados e imortais?
R.
13 - É difícil de fato imaginar as situações apontadas, mas se é isto o que a
Bíblia diz, devemos rejeitar por não caber em nossa atual compreensão? Por que
Satanás e seus anjos um dia se voltaram contra Deus, se sabiam que não poderiam
vencê-lo? Poderíamos registrar inúmeras perguntas sem uma resposta satisfatória
hoje, e nem por isso questionaríamos a veracidade da base da pergunta (ex.:
Satanás se rebelou, podemos não saber os detalhes, mas sabemos deste fato). Imagine
o quão era difícil antes da primeira vinda (de Cristo) compatibilizar um messias
glorioso com o servo do Senhor (Isaías 53). É compreensível o desejo de
compreender tudo, mas isso não deve ser feito ignorando o capítulo 20 de
Apocalipse, e a compreensão judaica de diversas profecias do antigo testamento.
P.14 - Quem serão as pessoas e os
povos sobre os quais Cristo e os remidos com corpos imortais reinarão? Não me
diga que serão exatamente aqueles vivos por ocasião da Segunda Vinda de Cristo
que não se acharam entre o grupo de salvos, ou seja, os seguidores da Besta?
P.15 - Se for este o caso, como justificar que uma multidão de seguidores do
anticristo, possuidores da marca da besta possam ter o privilégio de desfrutar
o Reino Milenar de Cristo em vez de se depararem com o Juízo Final?
R.14
e R.15 – Aqui não há uma resposta precisa, mas é defensável que os adoradores
da besta e do falso profeta serão totalmente exterminados, e não restará nenhum
(Ap 19:21). Presume-se que existirão outros inimigos de Deus, não diretamente
envolvidos na chamada Batalha do Armageddon, que sobreviverão. Poderiam ser os
admiradores e/ou sobreviventes da devastada Babilônia (Ap 17:16-18; e Ap 18:8-10).
Observe que, em Apocalipse 17:16-18, os inimigos da igreja se voltam contra a
Babilônia, também inimiga da igreja. Enquanto a igreja é perseguida por todos
os lados, os inimigos da igreja ora se unem, ora se voltam uns contra os
outros, o que sugere uma enorme complexidade dialética da luta do bem contra o
mal, algo perceptível em nossos dias.
P.16 - E como conciliar um
milênio para os perdidos das nações sobreviventes da Grande Tribulação com o
seguinte clamor dos mártires cristãos por justiça?
“E
clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador,
não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Ap 6.10)
R.16
- A justiça aos filhos de Deus é feita na sua segunda vinda, e continua durante o milênio até o Juízo
Final. No milênio também se fará justiça aos santos, que agora estarão
reinando sobre as nações. Ademais, é resistível a interpretação dessa passagem
literalmente, pois é difícil conceber que os salvos, que descansam no estado
intermediário da alma (paraíso), possam sofrer alguma angústia, o que vai de
encontro até mesmo com a perspectiva amilenista de que estes mártires reinam
com Cristo no paraíso. Parece mais razoável interpretar esta passagem de forma
simbólica, tal como a passagem de Lucas 11:51, onde Jesus declara que aquela
geração prestaria contas pelo sangue dos santos.
P. 17 - E, a resposta do anjo ao
clamor de justiça dos mártires indicaria um período milenar de espera até o dia
do Juízo ou aponta diretamente para o momento subseqüente aquele em que se
completará “o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos
como eles foram”? (Ap 6.11). Em outras palavras, se o juízo ainda não veio
porque o número total de mártires da Grande Tribulação não está completo, não
fica estabelecida aí uma relação estreita entre a era presente e o juízo final?
Caso, contrário, não seria apenas uma questão de se esperar a plenitude dos mártires,
mas, muito mais que isto, se faria necessário aguardar mil anos mais com o dissabor
de ter de contemplar seus algozes perseguidores no desfrute do reino milenar.
R.17
- Os santos estão completos na segunda vinda de Cristo, que inaugura publicamente o reino antes imperceptível. Este reino tem como uma de suas qualidades a justiça (Romanos 14:17). Não existe
incompatibilidade entre o milênio e a justiça de Deus. Os inimigos de Deus não
reinarão com os santos, mas ao contrário, serão governados. O fato desta
sujeição dos ímpios a uma Teocracia ser superior a qualquer dos reinos dos
homens anteriores apenas prova a diferença entre aquele que serve ao Senhor e
aquele que não serve (Malaquias 3.18).
P. 18 - Quantas eras existem?
Jesus ensinou a existência de duas eras: a era presente e a vindoura, e jamais
sequer sugeriu algo como uma terceira era intermediária com duração de mil
anos. De acordo com Cristo, o que a era vindoura nos reserva é a ressurreição
dos mortos para a vida eterna numa condição angelical onde não haverá mais
lugar para casamentos e outras tantas coisas peculiares apenas a era presente.
“E
Jesus, respondendo, disse: Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha
deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou
campos, por amor de mim e do evangelho, que não receba cem vezes tanto, já
neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições;
e no século futuro a vida eterna” (Mc 10.29,30);
“Que
não haja de receber muito mais neste mundo, e na idade vindoura a vida eterna”.
(Lc 18:30);
“E,
respondendo Jesus, disse-lhes: Os filhos deste mundo casam-se, e dão-se em
casamento; Mas os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro, e
a ressurreição dentre os mortos, nem hão de casar, nem ser dados em casamento”
(Lc 20.34,35).
R.
18 - O milênio se dá na era vindoura, sendo o início do Estado Eterno. Os santos
já gozam a vida eterna. É preciso ver o milênio da perspectiva dos salvos que
reinam, e não na perspectiva das nações subjugadas. Na era vindoura, os salvos
não se casam, nem se dão em casamento, não estão sujeitos à morte ou ao
sofrimento, entre outras coisas. Esta é a qualidade da era vindoura, uma
realidade inaugurada com o milênio, e por óbvio, nele presente, irradiando-se
para a eternidade. Quanto aos incrédulos, que estarão fora da cidade santa,
pode se entender que representam uma mera reminiscência da antiga era (era dos
homens), prestes a se evanescer e desaparecer por toda eternidade, o que não
desqualifica o milênio como início da era vindoura (dentro dela), prelúdio do
Estado Eterno, com as características apontadas por Cristo. De certa forma,
vivemos fenômeno parecido hoje, mas invertido. Pela fé somos vencedores com
Cristo, participantes da era vindoura (o reino de Cristo) ainda na era dos
homens, sendo a fé o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das
coisas que não se veem (Hb 11.1). O reino de Cristo é suscitado ainda no tempo
dos reinos dos homens (Dn 2:44), irradiando-se para a eternidade. Com a segunda
vinda de Cristo, o reino dos homens passa a ser possessão de nosso Senhor (Ap
11:15), e subsiste por algum tempo sob o governo de Cristo, que rege os reis e
nações da terra com cetro de ferro durante o milênio, até o Juízo Final.
P.19 - Jesus ensinou mais sobre o
Reino de Deus do que qualquer outro assunto, então, por que será que ele nunca
mencionou nada a respeito de um reino milenar na terra após a sua Segunda
Vinda?
R.
19 - Apocalipse é palavra do próprio Cristo (Ap. 1.1). Embora toda a Bíblia
também seja palavra de Deus, Apocalipse, curiosamente, destaca Cristo,
diretamente, como autor da revelação. As diversas parábolas de Jesus (grão de
mostarda, fermento e semente) estão em perfeita sintonia com a ideia de um
milênio, pois nelas o reino é semeado na primeira vinda (de Cristo), e colhido
na segunda vinda. O reino é eterno, mas Cristo explicou por etapas como ele vem
aos homens, e como se manifestará.
P. 20 - Por que os mortos em
Cristo que já estavam desfrutando da glória celeste no estado intermediário
ressuscitariam para voltar a uma terra onde o pecado e a morte ainda existem?
Não seria isto um retrocesso?
R.20
- Eles são imortais em corpos incorruptíveis e REINAM com o Senhor. Cristo
esteve entre nós (pecadores) nesta condição por 40 (quarenta) dias (Lc 24:
36-43; At 1:3), razão pela qual o fato não é sequer inédito, pois possui um
precedente de grande autoridade na história.
P.21 - A existência de corpos
ressurretos e celestiais não reivindica uma vida em uma Nova Jerusalém
celestial onde não há mais lugar para o pecado e a morte?
R.21
- É plenamente defensável que no milênio os salvos já vivam na Nova Jerusalém (Ap. 21. 24 - As nações andarão em sua luz, e
os reis da terra lhe trarão a sua glória), sendo esta a posição aqui
defendida. Embora não exista consenso entre os pré-milenistas, muitos
defendem que a vinda de Cristo já trará novos céus e nova terra. Veja-se o
comentário do teólogo Wayne Grudem (Teologia Sistemática, versão em espanhol, 2008): “muchos premilenarios sostienen que la
tierra será restaurada y que de hecho veremos nuevos cielos y una nueva tierra
en este momento (pero no es esencial para el premilenarismo atenerse a esto,
porque se puede ser premilenario y sostener que los nuevos cielos y la nueva
tierra no ocurrirán hasta después del juicio final)”.
P.22 - Por que adiar o juízo
final sobre o mal e por que também adiar o desfrute do destino eterno dos
salvos que já estariam prontos para o lar celestial por já estarem de posse de
seus corpos glorificados?
R.
22 - Os salvos já desfrutam do Estado Eterno, pois o reino não terá fim. O
milênio não é um parêntese, ao menos numa visão pré-milenista histórica que
defende novos céus e nova terra já com a segunda vinda de Cristo, mas o início
do Estado Eterno.
P. 23 - Como encaixar o milênio
entre a Segunda Vinda de Cristo e o Juízo Final, quando Jesus e seus Apóstolos
categoricamente ensinaram que o Juízo Final acontecerá imediatamente após a
Segunda Vinda?
“E
quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele,
então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações serão reunidas
diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as
ovelhas; E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda” (Mt
25.31.33);
“Porque
vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite;
Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina
destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum
escaparão” (1 Ts 5.2,3);
“Se
de fato é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos atribulam,
e a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor
Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando
vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de
nosso Senhor Jesus Cristo; Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição,
ante a face do Senhor e a glória do seu poder, quando vier para ser glorificado
nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que crêem”
(2 Ts 1.6-10).
R.
23 - A passagem de Mt 25:31-33 não é específica para situar o milênio e o
julgamento das nações no espaço e no tempo. Assim, é plausível entender que o
juízo de Deus sobre as nações se inicia ANTES MESMO da vinda de Cristo
(Apocalipse 16:7), quando Deus lança seus flagelos e derrama as taças da sua
ira sobre os pecadores (Apocalipse 15 a 18), que mesmo assim não se arrependem,
até o dia do Senhor (Ap 9:20-21, e Ap 16:11 e 21), quando todo orgulho será
destruído e só Ele será louvado (Isaías 2.17). Será também tarde demais para os
ímpios, que se não foram exterminados, ficarão de fora da cidade santa,
desenvolvendo-se o juízo de Deus sobre as nações milênio adentro até o Juízo
Final. As demais passagens confirmam o juízo sobre a besta, o falso profeta, e
os adoradores da besta, que, de fato, padecerão eterna perdição já com a
segunda vinda de Cristo.
P.24 - Como dizem os
pré-milenistas que o Livro de Apocalipse narra os fatos futuros em ordem
cronológica se o nascimento de Jesus registrado no capítulo 12 é descrito logo
após a uma narrativa do juízo final registrada no capítulo 11?
R.24
- Pré-milenistas históricos não fazem tal afirmação. Os selos e as trombetas de
fato repetem os mesmos eventos com detalhes específicos, e finalizam-se com a
segunda vinda de Cristo. Os flagelos (Ap 15) e as taças (Ap 16) também repetem
fatos descritos em capítulos anteriores, com outras peculiaridades, chegando-se
ao capítulo 19 onde novamente é descrita a segunda vinda de Cristo. Esta
repetição não se aplica a Apocalipse 20, especialmente em razão do versículo
10, que é remissivo ao capítulo 19, versículo 20, comprovando o elo de coesão e
continuidade entre os capítulos 19 e 20.
P.25 - Como aceitar também que o
milênio descrito no capítulo 20 seja um acontecimento imediatamente posterior a
Segunda Vinda de Cristo descrita no Capítulo 19, quando o próprio capítulo 19
encerra-se com uma descrição do juízo final que resulta na destruição de todos
os inimigos de Deus? Quem restaria das nações para o milênio?
R.
25 - Respondido no item 14 e 15.
P. 26 - O Juízo final não está
também sendo narrado no capítulo 14? Se o Apocalipse fosse um livro contendo
narrativas seqüênciais dos eventos últimos, quantos "juízos finais"
aconteceriam? E quando é que “a seara da terra” estará madura para “o grande
lagar da ira de Deus” no final do milênio pré-milenista ou na Segunda Vinda de Cristo?
E a descrição do Filho do Homem assentado sobre uma nuvem branca não é uma
clara imagem da Segunda Vinda de Cristo? (Ap 14.16; ver também: Mc 13.26; 14.62;
Mt 24.30; 26.64; Lc 21.27; 1 Ts 4.17; Ap 1.7 e Dn 7.13);
“Dizendo
com grande voz: Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é vinda a hora do seu
juízo… Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na sua
testa, ou na sua mão, Também este beberá do vinho da ira de Deus, que se
deitou, não misturado, no cálice da sua ira; e será atormentado com fogo e
enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro. E a fumaça do seu
tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso nem de dia nem de noite os
que adoram a besta e a sua imagem, e aquele que receber o sinal do seu nome...
E olhei, e eis uma nuvem branca, e assentado sobre a nuvem um semelhante ao
Filho do homem, que tinha sobre a sua cabeça uma coroa de ouro, e na sua mão
uma foice aguda... Lança a tua foice, e sega; a hora de segar te é vinda, porque
já a seara da terra está madura... E o anjo lançou a sua foice à terra e
vindimou as uvas da vinha da terra, e atirou-as no grande lagar da ira de Deus.
E o lagar foi pisado fora da cidade, e saiu sangue do lagar até aos freios dos
cavalos, pelo espaço de mil e seiscentos estádios” (Ap 14.7-20).
R.
26 – Primeira parte respondida no item 24. Quanto à completude da seara da
terra, como já respondido no item 17, esta se dá com a segunda vinda de Cristo.
A perspectiva da totalidade do Israel Espiritual é pré-milenista, se consumando
com a segunda vinda de Cristo, nada esclarecendo a Bíblia sobre eventuais
pessoas salvas durante o milênio. Embora a possibilidade de salvação durante o
milênio seja defensável, e defendida pela maioria dos pré-milenistas, a Bíblia
nada diz a respeito do assunto. Se a Bíblia nada diz a respeito, tudo o que se
disser será mera especulação. Parece certo afirmar, todavia, que ainda que pessoas
possam ser salvas do lago de fogo durante o milênio, elas não governarão a
Terra com Cristo e seus santos, ao menos até o fim do milênio. Em Mateus 12:32,
Jesus diz: “todo aquele que disser uma
palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem falar contra o Espírito
Santo não será perdoado, nem nesta era NEM NA QUE HÁ DE VIR”. Católicos
interpretam essa passagem como um fundamento para o purgatório. Não estaria
Cristo, todavia, se referindo a um período, já na era vindoura, em que o perdão
de pecados seria possível, à exceção da blasfêmia contra o Espírito Santo?
Sabemos que a era vindoura é deflagrada pela segunda vinda de Cristo, não se
confundindo com o estado intermediário. Situando-se o milênio já na era
vindoura, a afirmação de Cristo pode ser mais do que uma mera força de
expressão.
P. 27 - Por que não encontramos o
ensino de duas ressurreições separadas por mil anos nas Escrituras do Antigo
Testamento, nem nos Evangelhos e nem nas Epístolas, antes, pelo contrário, o
que vemos é o claro ensino de que haverá uma ressurreição geral para o juízo
final?
“Não
fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os que
estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o bem
ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem
condenados” (Jo 5:28-29);
“E
muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e
outros para vergonha e desprezo eterno” (Daniel 12:2)
“Tendo
esperança em Deus, como estes mesmos também esperam, de que há de haver
ressurreição tanto dos justos como dos injustos” (Atos 24:15)
R.
27 – Apocalipse 20 situa duas ressurreições separadas por mil anos. Quanto às
passagens citadas, todas elas apenas confirmam as duas ressurreições (de justos
e injustos), sem pretensão de situá-las no tempo e no espaço, mas deixando
claro que se referem à era vindoura (deflagrada pela segunda vinda de Cristo).
Agora pense no seguinte: A ressurreição dos justos precede o arrebatamento (1
Ts 4:17), e Jesus, em seguida, traz o Juízo sobre a besta e o falso profeta. Se
os ímpios ressuscitaram juntamente com os justos, eles foram novamente
destruídos por Jesus? Veja que o arrebatamento é posterior à ressurreição e
é anterior ao Juízo, pois um foi levado, e o outro deixado. Apocalipse 11:11
confirma essa sequência. Mesmo que fossem ao mesmo tempo (arrebatamento e
destruição do ímpio), a ressurreição dos justos já teria ocorrido (1 Ts 4:17). Os
discípulos perguntam onde isso acontecerá, e Jesus fala "onde estiverem os
cadáveres, ali se ajuntarão os abutres", se referindo ao Juízo subsequente
à ressurreição dos justos e ao arrebatamento (Ap. 19:18). Se os ímpios também
ressuscitaram com os justos, terão de
ser novamente destruídos e terão que ressuscitar novamente, para o
Juízo Final, que na visão amilenista se dá concomitantemente à segunda vinda de
Cristo. Duas ressurreições dos ímpios? Os ímpios serão destruídos para serem
ressuscitados ou ressuscitados para serem destruídos e novamente ressuscitados
para o juízo final? Se a resposta é que serão destruídos (na segunda vinda de
Cristo) para só depois serem ressuscitados, isso não exige situar os eventos
como precedentes (ressurreição dos justos e arrebatamento) e subsequentes
(destruição dos pecadores e ressurreição dos ímpios), ainda que no mesmo dia
(Dia do Senhor)? Isso obriga o próprio amilenista a separar as ressurreições
no espaço e no tempo, assim como o pré-milenista, e esvazia por completo as
passagens citadas como argumentos em prol de uma ressurreição conjunta.
P. 28 - Por que os discípulos
deveriam almejar um reinado milenar na terra quando o que Jesus lhes prometeu
foi um lar celestial? O que Jesus prometeu foi voltar para levá-los para si ou
voltar para ficar com eles, constituindo um reino aqui na terra?
“E
quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim
mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também” (Jo 14:3)
“Mas
a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor
Jesus Cristo” (Fp 3:20).
R.
28 - A nossa cidade é do céu e está no céu, mas desce. "Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém,
que descia do céu”. (Ap. 21. 2). Seremos levados para a cidade celestial
que desce dos céus.
P. 29 - Onde é que Pedro disse
que se cumpriria a promessa de justiça: na velha terra ou nos novos céus e
terra?
“Mas
nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita
a justiça (2 Pe 3:13)”
R.
29 - Respondido no item 21.
P. 30 - Se Jesus declarou que seu
reino não era deste mundo, por que ele teria de voltar para reinar na terra?
“Respondeu
Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo,
pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora
omeu reino não é daqui” (Jo 18:36);
“E
dizia-lhes: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou
deste mundo” (Jo 8:23)
R.
30 - O milênio não é reino do mundo, e não vem deste mundo (pois desce do céu),
é o reino de Deus. O governo de todos os reinos do mundo acaba com a segunda
vinda de Cristo (Dn 2-44-45). Os reinos do mundo se tornam possessão de Cristo,
e ele é quem governará pessoalmente os reis e nações da terra (Apocalipse
11:15).
P. 31 – Qual seria a duração do
Reino de Cristo de acordo com as profecias do Antigo e Novo Testamento?
“Mas,
nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais
destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos
esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre” (Dn 2:44);
“O
seu reino é um reino sempiterno, e o seu domínio de geração em geração” (Dn
4:3);
“E
foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e
línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o
seu reino tal, que não será destruído. (Dn 7:14);
“E
o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão
dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será um reino eterno, e
todos os domínios o servirão, e lhe obedecerão” (Dn 7:27);
“Porque
um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus
ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade,
Príncipe da Paz. Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o
trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça,
desde agora e para sempre; o zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto” (Is9.6,7);
“O
teu reino é um reino eterno; o teu domínio dura em todas as gerações” (Sl
145:13);
“O
teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu reino é um cetro de
eqüidade” (Sl 45:6);
“Este
será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o
trono de Davi, seu pai; E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino
não terá fim” (Lc 1:32,33)
“Porque
assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo” (2Pe 1:11);
R.
31 - O Milênio, que sequer precisa ser de mil anos literais para um
pré-milenista (desde que seja um período de tempo após a segunda vinda de
Cristo) não é um marco temporal do reino de Deus, que é eterno. É um
marco temporal para a derrota definitiva de Satanás, do inferno e da própria
morte, esta última já sem poder sobre os salvos desde o início do milênio, pois
sobre eles não tem poder a segunda morte (Ap. 20:6).
P. 32 – Onde está o trono do Rei
Jesus: na terra ou no céu?
“E
logo fui arrebatado no Espírito, e eis que um trono estava posto no céu, e um
assentado sobre o trono” (Ap 4:2);
“Ao
que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu
venci, e me assentei com meu Pai no seu trono” (Ap 3.21) ;
“Porque
o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia
para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima”
(Ap 7.17)
“E
vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença
fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles (Ap 20:11);
“E
ouvi toda a criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que
está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado
sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e
poder para todo o sempre” (Ap 5.13);
“O
SENHOR tem estabelecido o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo”
(Sl 103:19).
“E,
o que jurar pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que está assentado
nele” (Mt 23:22)
“Eu,
porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono
de Deus” (Mt 5:34)
“O
céu é o meu trono, E a terra o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis?
diz o Senhor, Ou qual é o lugar do meu repouso?” (At 7.49).
“Mas
quando este sacerdote acabou de oferecer, para sempre, um único sacrifício
pelos pecados, assentou-se à direita de Deus. Daí em diante, ele está esperando
até que os seus inimigos sejam colocados como estrado dos seus pés” (Hb
10.12-13);
R.
32 - "Venha a nós o vosso reino e
Seja feita a vossa vontade, assim na TERRA como no CÉU”; O reino (e o seu
trono) é do céu, e do céu é trazido para terra.
P. 33 - Por que nem mesmo
Apocalipse 20 descreve Jesus fisicamente reinando em um trono na cidade de
Jerusalém e por que o Apocalipse diz que Jesus precisou ser arrebatado da terra
para chegar ao seu trono celeste para reger as nações com vara de ferro?
“E
deu à luz um filho homem que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o
seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono” (Ap 12:5)
R.
33 - Apocalipse 12:5 não afirma isso. Afirma que ele há de reger as nações e também afirma que ele está no seu trono no
céu. Não coloca os eventos como decorrentes um do outro. O advérbio
"há", por sua vez, sugere, no contexto, futuro.
P. 34 - Quantas vezes Satanás
será amarrado e solto? Como interpretar os seguintes textos que falam de
Satanás como já tendo sido amarrado e perdido poder por ocasião da Primeira
Vinda de Cristo?
“Ou, como pode alguém entrar na casa do
valente, e roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente?” (Mt 12:29)
"Eu
vi Satanás caindo do céu como relâmpago. Eis que vos dou poder para pisar
serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum.”
(Lc 10:18,19).
R.
34 - Melhor respondido nesse texto: http://thusiadezebah.blogspot.com.br/2016/01/pre-milenismo-classico-vs-amilenismo-1.html,
na parte “Perspectiva pré-milenista histórica dos principais argumentos
amilenistas”.
P. 35 – Por que não reconhecer a
afirmação de Cristo que declarou que o Reino de Deus já havia chegado em seus
dias tendo como um dos sinais a expulsão de demônios pelo Espírito Santo de
Deus?
“Mas
se é pelo Espírito de Deus que eu expulso demônios, então chegou a vocês o
Reino de Deus” (Mt 12:28)
“Todo
poder me é dado no céu e na terra” (Mt 28.18);
“Tudo
sujeitaste debaixo dos seus pés. Ao lhe sujeitar todas as coisas, nada deixou
que não lhe estivesse sujeito. Agora, porém, ainda não vemos que todas as
coisas lhe estejam sujeitas. Vemos, todavia, aquele que por um pouco foi feito
menor do que os anjos, Jesus, coroado de honra e glória por ter sofrido a
morte, para que, pela graça de Deus, em favor de todos, experimentasse a morte”
(Hb 2.8-9; ver também 1 Co 15.25 e Mt 16.18).
R.
35 - Melhor respondido nesse texto: http://thusiadezebah.blogspot.com.br/2016/01/pre-milenismo-classico-vs-amilenismo-1.html,
na parte “Perspectiva pré-milenista histórica dos principais argumentos
amilenistas”.
P. 36 - Após a Segunda Vinda
gloriosa de Cristo, haverá realmente um retorno aos “rudimentos fracos e
pobres”, tais como o templo em Jerusalém, os sacrifícios, a exaltação judaica e
coisas desta natureza?
“Mas
agora, conhecendo a Deus, ou melhor, sendo por ele conhecidos, como é que estão
voltando àqueles mesmos princípios elementares, fracos e sem poder? Querem ser
escravizados por eles outra vez?” (Gl 4.9)
“Dessa
forma, o Espírito Santo estava mostrando que ainda não havia sido manifestado o
caminho para o Santo dos Santos enquanto ainda permanecia o primeiro
tabernáculo. Isso é uma ilustração para os nossos dias, indicando que as
ofertas e os sacrifícios oferecidos não podiam dar ao adorador uma consciência
perfeitamente limpa. Eram apenas prescrições que tratavam de comida e bebida e
de várias cerimônias de purificação com água; essas ordenanças exteriores foram
impostas até o tempo da nova ordem. Quando Cristo veio como sumo sacerdote dos
benefícios agora presentes, ele adentrou o maior e mais perfeito tabernáculo,
não feito pelo homem, isto é, não pertencente a esta criação. Não por meio de
sangue de bodes e novilhos, mas pelo seu próprio sangue, ele entrou no Santo
dos Santos, uma vez por todas, e obteve eterna redenção.” (Hb 9.8-12)
“A
Lei traz apenas uma sombra dos benefícios que hão devir, e não a realidade dos
mesmos. Por isso ela nunca consegue, mediante os mesmos sacrifícios repetidos
ano após ano, aperfeiçoar os que se aproximam para adorar. Se pudesse fazê-lo,
não deixariam de ser oferecidos? ... Por isso, quando Cristo veio ao mundo,
disse: Sacrifício e oferta não quiseste, mas um corpo me preparaste; de
holocaustos e ofertas pelo pecado não te agradaste... Mas quando este sacerdote
acabou de oferecer, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se
à direita de Deus. Daí em diante, ele está esperando até que os seus inimigos
sejam colocados como estrado dos seus pés; porque, por meio de um único
sacrifício, ele aperfeiçoou para sempre os que estão sendo santificados”(Hb
10.1-14)
R.
36 - Essas são crenças do dispensacionalismo (e não do pré-milenismo clássico)
incompatíveis com o Israel Espiritual, que é a igreja, e com a salvação pela
fé.