terça-feira, 19 de abril de 2016

Respondendo questionamentos de um Amilenista - Pré-Milenismo (3ª Parte)


A escatologia, especialmente no que diz respeito ao Milênio, parece merecer a pecha de assunto bíblico mais polêmico. Devemos, por isso mesmo, ter uma maior medida de graça neste assunto para com irmãos que pensam de forma diferente, especialmente quando temos uma crença principal em comum, que é a volta de Cristo, tal qual um ladrão, o que implica dizer que “advertências” como "ei-lo ali (!)", ou, "lá está ele (!)" não devem ser escutadas, pois são discursos de falsos profetas (Lucas 17:23). Toda igreja é apta a entender os sinais da vinda de Cristo, e de forma alguma será pega de surpresa. O mundo incrédulo, todavia, será surpreendido, como o povo foi nos dias de Noé (Mt 24:37). A igreja é a única autorizada a proclamar a volta de Cristo, e assim faz mesmo sem conhecer o dia e a hora (Mt 24.36), mas advertindo o mundo que este momento se aproxima. Quando a igreja finalmente souber O Dia, Cristo já terá vindo, e será tarde demais para os incrédulos.
Isso não afasta nosso dever de submeter nossas crenças ao escrutínio das escrituras sagradas. A palavra final, no fim das contas, pertence a Deus, e somente ele é sabedor de todas as coisas. Minha intenção, neste post, é justamente essa, submeter as principais perspectivas concorrentes sobre o milênio à autoridade das escrituras, sem a intenção de ter a palavra final sobre o assunto, estando aberto, inclusive, a admitir erros pontuais e até mesmo uma completa visão equivocada sobre o assunto. Diante da autoridade das escrituras, só nos resta arrefecer nossas interpretações particulares, e agindo assim, somente ganharemos.
As perguntas a seguir foram extraídas do excelente blog sobre escatologia do Bispo Ildo Mello, da Igreja Metodista (http://escatologiacrista.blogspot.com.br/2011/07/questoes-para-os-pre-milenistas.html). O bispo Ildo Mello é defensor do amilenismo, e fez em seu blog relevantes perguntas aos pré-milenistas, merecedoras de respostas nos limites daquilo que a Bíblia nos informa, pois sabemos que ela não se propõe a responder todas as coisas, mas apenas as coisas essenciais. É importante ter em vista que as perguntas do Bispo foram feitas tendo em mente o pré-milenismo dispensacionalista, o que não torna menos oportuna uma análise e resposta das questões com base no pré-milenismo clássico, ou seja, na visão dos Cristãos dos primeiros séculos.
Para uma escorreita análise das perguntas e das respostas, é importante consultar todas as referências de passagens bíblicas mencionadas, pois nem todas as perguntas e respostas trazem citações das passagens referidas, o que seria antieconômico para a proposta de espaço de um blog. Isto se faz salutar para que cada um verifique por si mesmo se as referências de versículos são pertinentes, ou, ao contrário, são sem pertinência com o debatido.

RESPONDENDO A UM AMILENISTA

P.1 (Pergunta) - Se o Apóstolo Paulo claramente ensina que o último inimigo que é a morte será destruído por ocasião da Segunda Vinda de Cristo (1 Co 15.25,26,54), como dizem os pré-milenistas que haverá morte no milênio que segundo eles acontecerá após a Segunda Vinda de Cristo?

R.1 (Resposta) - A morte como último inimigo é perfeitamente condizente com o pré-milenismo, pois ela é anulada em definitivo no juízo final, após o milênio, quando ela mesma é lançada no lago de fogo (Ap. 20:14). Veja-se: “e a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte”. O lançamento da própria morte no lago de fogo equivale ao seu fim, dali para frente, pois não fará mais vítimas. Mas observe que, para os que têm parte na primeira ressurreição, ela já não tem poder desde a segunda vinda de Cristo (Ap. 20:6), pois os corpos dos salvos estarão transformados. Veja-se: “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos”. Veja que os crentes em Cristo por ocasião de sua vinda estarão livres não apenas da morte (terão ressuscitado), mas também da segunda morte. Os crentes ressuscitam não apenas para nunca mais morrer, mas para a vida eterna. Já os ímpios ressuscitam para a morte eterna.

P.2 - Como poderemos exclamar "destruída foi a morte pela vitória" por ocasião da Segunda Vinda de Cristo se a morte continuará fazendo vítimas no milênio pré-milenista?

R. 2 - Os que partilham da primeira ressurreição já estarão livres da morte, eternamente. Esta é uma exclamação exclusiva dos salvos e para os salvos em Cristo, pois para os incrédulos está reservada a segunda morte, que é eterna, assim como a vida que Deus promete aos seus filhos é eterna.

P.3 - Quem estaria com a razão, Paulo, quando afirma que a morte será destruída na Segunda Vinda de Cristo, ou os pré-milenistas que ensinam que isto acontecerá apenas depois do milênio?

R. 3 – Respondido nos itens 1 e 2. Reforçando o já dito, Paulo e os pré-milenistas estão certos. Mesmo numa perspectiva amilenista, o Juízo Final se sucede (não ocorre no mesmo instante) à segunda vinda de Cristo, ainda que imediatamente, quando a própria morte é lançada no lago de fogo. Na perspectiva pré-milenista, a segunda vinda de Cristo deflagra a primeira ressurreição, que é nada mais que a vitória eterna sobre a morte para os que esperam em Cristo “Bem aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade” (Ap 20:6). Na perspectiva amilenista, todavia, esta vitória sobre a morte destoa completamente do afirmado pelos apóstolos Paulo e João, pois sequer precisou esperar a segunda vinda de Cristo. Se interpretarmos figurativamente a “primeira ressurreição”, a vitória sobre a morte ocorreu antes mesmo da segunda vinda de Cristo. Isto também já indica o equívoco de se interpretar a “primeira ressureição” como nossa parte na promessa da salvação, mediante o novo nascimento, pois a Bíblia, em Ap 20:5, refere-se a pessoas efetivamente mortas, que ressuscitam, e reinam com Cristo, e não aos crentes em geral, mortos simbolicamente com Cristo (Cl 2.20). Como a ressurreição aqui tratada poderia ser simbólica se o texto fala em mártires? (aqui sim, simbolizando todos os crentes que morreram, martirizados ou não) Como se aplicaria a ideia de novo nascimento a pessoas já mortas? Batismo pelos mortos? Conquanto estejamos mortos simbolicamente com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, isto só faz sentido aos vivos, e não àqueles que já morreram na fé. Tampouco faz sentido falar-se em ressurreição simbólica de pessoas que efetivamente apenas aguardam a ressurreição literal (pois já morreram na fé). Ademais, Ap 20:5 (conforme a totalidade das versões e traduções consultadas) fala em “o restante dos mortos”, ou “os outros mortos”, expressões que somente fazem sentido como contraponto aos mortos ressurretos na primeira ressurreição, que são os salvos. Os “outros mortos” são aqueles que estão de alguma forma sujeitos à segunda morte. Veja-se a passagem: “vi tronos em que se assentaram aqueles a quem havia sido dada autoridade para julgar. Vi as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus. Eles não tinham adorado a besta nem a sua imagem, e não tinham recebido a sua marca na testa nem nas mãos. Eles ressuscitaram e reinaram com Cristo durante mil anos. (O restante dos mortos não voltou a viver até se completarem os mil anos). Esta é a primeira ressurreição”. Felizes e santos os que participam da primeira ressurreição! A segunda morte não tem poder sobre eles (Apocalipse 20:4-6). Não faz sentido atribuir à expressão “restante dos mortos” a ideia de uma ressurreição geral, de justos e de ímpios. A ideia de mil anos, mesmo que se queira ver de forma não pré-milenista, seria completamente esvaziada, pois nesta linha de interpretação (e buscando-se nela alguma coerência), o texto estaria a afirmar que apenas alguns salvos (os que morreram literalmente no primeiro século) teriam ressuscitado e estariam reinando com Cristo mil anos (no estado intermediário), ressuscitando os demais salvos (os outros mortos) somente após o milênio, junto aos incrédulos. Se a contraposição de uma ressurreição simbólica a uma ressurreição literal, por si só, já desafia o texto, mais ainda quando o texto exclui expressamente os ressurretos na primeira ressurreição da segunda ressurreição (“os OUTROS mortos”), pois quando o texto assim o faz, “blinda-se” por completo de uma interpretação diversa da pré-milenista.

P.4 - A expressão "até que" de 1 Coríntios 15.25 não indica um desenvolvimento paulatino do Reino em que os inimigos vão sendo gradativamente postos debaixo dos pés de Cristo e não abruptamente como ensinam os pré-milenistas?

R.4 - Cristo reinará no milênio com cetro de ferro (Ap 2:27; Ap 12:5 e Ap 19:15). Em Ap 2:26 e 27, Cristo faz uma promessa (para a era vindoura) aos crentes de Tiatira, de que reinariam sobre as nações com cetro de ferro. Referida passagem é absolutamente incompatível com o amilenismo, pois não se pode conceber que o “reinar” prometido seja gozado no estado intermediário entre a morte e a ressurreição.  Apocalipse 20 deixa claro que uma ressurreição precede este “reinar” (o que exigiria do amilenista estabelecer uma terceira concepção de ressurreição, situada entre a ressurreição simbólica com Cristo em vida e a ressurreição literal dos mortos). Ainda que assim não se entendesse, de que forma os salvos que estão no paraíso (estado intermediário) poderiam de alguma forma influir na vida que se passa aqui na terra? Os salvos não meramente reinam com Cristo, mas reinam sobre as nações, e com autoridade antidemocrática (!), o que não quer dizer sem equidade (Sl 45:6). Para George Eldon Ladd, “em 1ª Coríntios 15:23-26 Paulo retrata o triunfo do reino de Cristo como sendo realizado em vários estágios. A ressurreição de Cristo é o primeiro estágio (tagma). O segundo estágio ocorrerá na parousia, quando aqueles que são de Cristo compartilharão da Sua ressurreição. 'Cada um, porém, a sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda. Então virá o fim, quando ele entregar o Reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído todo domínio, autoridade e poder. Pois é necessário que ele reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte.' Os advérbios traduzidos por 'então' são epeita, eita, que denotam uma seqüência: 'depois disso'. Existem três fases distintas: a ressurreição de Jesus; depois disso (epeita) a ressurreição dos crentes; depois disso (eita) e o fim (telos). Um intervalo não identificado cai entre a ressurreição de Cristo e Sua parousia, e um segundo intervalo (o milênio) indefinido cai entre a parousia e o telos, quando Cristo completa a sujeição de seus inimigos." Como se percebe, o último inimigo é destruído, em definitivo, APÓS a parousia (Ap 20.14).

P.5 - Como a interpretação pré-milenista se harmoniza com as Parábolas do Reino (Mt 13) que ensinam que o Reino de Deus se estabelece de maneira gradativa como o desenvolvimento da plantação de um grão de mostarda e também híbrida com a presença do joio no meio do trigo, onde temos também a presença do maligno representado pelo inimigo que planta o joio e pelos pássaros?

R. 5 – “Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre” (Apocalipse 11:15). Quando em Lucas 17, versículos 20 e 21, os fariseus interrogam a Cristo acerca da vinda do reino de Deus, e Jesus declara que o reino não vem com visível aparência, mas já estava entre eles, afirmava aos fariseus que Sua pessoa e obra já estavam atuando em meio deles. Nesta mesma passagem (Lc 17.20-37), Cristo fala de sua segunda vinda, visível para todos, e repentina para os incrédulos, que não receberam o reino de Deus em seus corações quando o mesmo ainda não era visível, e não poderão reinar com Ele em sua vinda. O reino é semeado (suscitado, conforme Dn 2.44) na primeira vinda, e colhido na segunda. O milênio é a manifestação gloriosa do reino, antes imperceptível, a partir da segunda vinda de Cristo. Para uma melhor compreensão das parábolas, o texto: http://thusiadezebah.blogspot.com.br/2016/01/pre-milenismo-classico-vs-amilenismo-1.html, na parte “Perpesctiva pré-milenista histórica dos principais argumentos amilenistas”.

R.6 - Se o reinado de Cristo se processa até a destruição do último inimigo que é a morte, como dizem os pré-milenistas que este reinado começará após a Segunda Vinda, quando bem sabemos que é exatamente por ocasião da Segunda Vinda que a morte será destruída?

P.6 - Para os eleitos, vale a frase: "onde está, ó morte, a tua vitória?!",  isto já na segunda vinda de Cristo, como afirma a palavra de Deus. A morte como existência, todavia, só será em definitivo aniquilada no Juízo Final, após o milênio (Ap 20:14). Observe que a morte não se confunde com a segunda morte. A segunda vinda de Cristo não traz apenas a vida eterna para os que nele esperam, mas também a morte eterna, no caso, para a besta e o falso profeta (Ap 19:20), antes mesmo do milênio.

P.7 - Se Paulo ensina que a Ressurreição física dos mortos em Cristo marca a destruição do último inimigo que é a morte, e se também ensina que "é necessário que ele (Jesus) reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés", então, como podem os pré-milenistas ensinarem que a ressurreição física dos mortos precede o reinado milenar de Cristo quando Paulo aponta exatamente para o contrário disto?

R.7 – Paulo aponta exatamente para o contrário do defendido por amilenistas. Como já explicado anteriormente, a ressurreição física dos justos põe fim à morte dos santos, eternamente (daí a vital importância da ressurreição na doutrina cristã). Ela não poderia por fim à morte dos ímpios, pois para estes está reservada uma espécie de morte ainda pior, que é a morte eterna. Só reinarão no milênio os transformados na vinda de Cristo, pois nem carne nem sangue podem herdar o reino de Deus (1 Coríntios 15:50). Os que não forem transformados estarão do lado de fora da cidade santa (Ap 21.27). Como respondido no item 4, 1ª Coríntios 15:23-26 confirma a perspectiva pré-milenista, ao situar um reinado com cetro de ferro sobre as nações, entre a sua segunda vinda e o juízo final.

P.8 - Se o último inimigo que é a morte será destruído na Segunda Vinda, por que ainda haveria espaço para o surgimento de novos inimigos e de mais uma rebelião e guerra no final do milênio conforme afirmam os pré-milenistas?

8 - Um pré-milenista não precisa ter todas as respostas sobre o milênio, mas entende que existirão pessoas para o diabo amealhar. Como? O capítulo 19 de Apocalipse mostra a derrota da besta e do anticristo por Cristo em sua segunda vinda. Mas a derrota do dragão (Satanás) é situada no futuro, pois quando Satanás é lançado no lago de fogo e enxofre, lá JÁ SE ENCONTRAM a besta e o falso profeta (Ap. 20:10). Se nos permitirmos especular, podemos identificar desde o princípio da história o esforço do homem em viver de forma plena sem Deus. Caim, precursor de uma geração apartada de Deus, construtor da primeira cidade de que se tem notícia (Gn 4:17); Babel, cidade cujos moradores desejavam alcançar o domínio e poder sem limites (Gn 11:4-9); Sodoma e Gomorra, as duas cidades impenitentes (Gn 18:16-29); Nínive, cidade cuja maldade atingiu o imponderável (Jn 1:2); Roma, cidade onde se registra homens que Deus entregou às paixões infames (1:26-32), dentre outras. Estas cidades representam o império da injustiça, e se diferem da Jerusalém celestial, a cidade de Deus. Nas palavras de Timothy Keller: “É a luta entre a Babilônia, representando a cidade do homem, e Jerusalém, representando a cidade de Deus. A cidade terrena é uma metáfora da vida humana construída sem Deus, criada para a autossalvação, para o autosserviço e para a autoglorificação. Ela retrata o cenário de exploração e injustiça. Mas a cidade de Deus é uma cidade baseada em sua glória e no serviço sacrificial a Deus e ao próximo. Essa cidade apresenta um cenário de paz e justiça” (Timothy Keller, Igreja centrada: desenvolvendo em sua cidade um ministério equilibrado e centrado no evangelho, São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 169). É compreensível que o último ato dos inimigos de Deus seja justamente contra a cidade santa.

P.9 - Por que razão Jesus, após sua vinda gloriosa, deveria ainda ter de governar sobre seus inimigos com vara de ferro, e ainda ter de esmagar uma absurda rebelião no fim do milênio? P.10 - Por que razão Jesus, após a sua gloriosa Segunda Vinda, teria de passar por nova humilhação representada por uma rebelião mundial contra o seu justo governo de mil anos?

R.9 e R.10 - Só podemos especular. Mas não haverá humilhação para Cristo, pois esta foi vencida já na cruz do calvário. Os rebeldes, ao fim do milênio, serão devorados instantaneamente por fogo do céu. Aqui, não há mais uma Grande Tribulação. Veja que é a cidade santa que é sitiada, onde os eleitos já habitam e reinam com Cristo. A grande tribulação envolve perseguição aos crentes de todo o povo, língua e nação (Ap. 7.9) e a peleja contra o cordeiro se concentra no vale de Jezreel. Jesus Cristo então regressa, reunindo os seus escolhidos dos quatro cantos do planeta (Mt 24:31, Mc 13:27). Na batalha final (Ap 20:8-9), por sua vez, são os inimigos do povo de Deus que procedem dos quatro cantos da terra, e se unem contra o santo arraial (Jerusalém). Diferentemente das passagens sobre os selos e as trombetas, que repetem a segunda vinda de Cristo (também descrita em Apocalipse 19) com detalhes específicos, a batalha final descrita em Apocalipse 20 é em muito diferente.

P.11 - Como explicar que no final do milênio, Satanás será solto e num período curto de tempo conseguirá promover uma rebelião sem precedentes contra Jesus arrebanhando uma multidão incontável de todas as nações? P. 12 - Que argumento usaria Satanás para enganar as nações no final de um milênio presidido física e pessoalmente pelo Todo Poderoso, Justo e Amoroso Cristo?

R.11 e R.12 - Também só podemos especular, mas Shedd (cf. comentário Bíblia Shedd) diz: "o fato de que após o reinado perfeito de Cristo as nações ainda serão susceptíveis a se rebelarem contra Deus, mostra a profundeza da pecaminosidade do homem". Evidencia que a conversão e a salvação apenas se dão com um novo nascimento, obtido pela graça de Deus, mediante a obra do Espírito Santo, e não por meios persuasivos, como argumentos, por mais irrebatíveis que sejam (e sempre foram).

P.13 - Não é absurda a ideia de que uma multidão de rebeldes alimente qualquer espécie de esperança de vitória contra o Todo Poderoso Cristo e seus santos com corpos glorificados e imortais?

R. 13 - É difícil de fato imaginar as situações apontadas, mas se é isto o que a Bíblia diz, devemos rejeitar por não caber em nossa atual compreensão? Por que Satanás e seus anjos um dia se voltaram contra Deus, se sabiam que não poderiam vencê-lo? Poderíamos registrar inúmeras perguntas sem uma resposta satisfatória hoje, e nem por isso questionaríamos a veracidade da base da pergunta (ex.: Satanás se rebelou, podemos não saber os detalhes, mas sabemos deste fato). Imagine o quão era difícil antes da primeira vinda (de Cristo) compatibilizar um messias glorioso com o servo do Senhor (Isaías 53). É compreensível o desejo de compreender tudo, mas isso não deve ser feito ignorando o capítulo 20 de Apocalipse, e a compreensão judaica de diversas profecias do antigo testamento.

P.14 - Quem serão as pessoas e os povos sobre os quais Cristo e os remidos com corpos imortais reinarão? Não me diga que serão exatamente aqueles vivos por ocasião da Segunda Vinda de Cristo que não se acharam entre o grupo de salvos, ou seja, os seguidores da Besta? P.15 - Se for este o caso, como justificar que uma multidão de seguidores do anticristo, possuidores da marca da besta possam ter o privilégio de desfrutar o Reino Milenar de Cristo em vez de se depararem com o Juízo Final?

R.14 e R.15 – Aqui não há uma resposta precisa, mas é defensável que os adoradores da besta e do falso profeta serão totalmente exterminados, e não restará nenhum (Ap 19:21). Presume-se que existirão outros inimigos de Deus, não diretamente envolvidos na chamada Batalha do Armageddon, que sobreviverão. Poderiam ser os admiradores e/ou sobreviventes da devastada Babilônia (Ap 17:16-18; e Ap 18:8-10). Observe que, em Apocalipse 17:16-18, os inimigos da igreja se voltam contra a Babilônia, também inimiga da igreja. Enquanto a igreja é perseguida por todos os lados, os inimigos da igreja ora se unem, ora se voltam uns contra os outros, o que sugere uma enorme complexidade dialética da luta do bem contra o mal, algo perceptível em nossos dias.

P.16 - E como conciliar um milênio para os perdidos das nações sobreviventes da Grande Tribulação com o seguinte clamor dos mártires cristãos por justiça?

“E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Ap 6.10)

R.16 - A justiça aos filhos de Deus é feita na sua segunda vinda, e continua durante o milênio até o Juízo Final. No milênio também se fará justiça aos santos, que agora estarão reinando sobre as nações. Ademais, é resistível a interpretação dessa passagem literalmente, pois é difícil conceber que os salvos, que descansam no estado intermediário da alma (paraíso), possam sofrer alguma angústia, o que vai de encontro até mesmo com a perspectiva amilenista de que estes mártires reinam com Cristo no paraíso. Parece mais razoável interpretar esta passagem de forma simbólica, tal como a passagem de Lucas 11:51, onde Jesus declara que aquela geração prestaria contas pelo sangue dos santos.

P. 17 - E, a resposta do anjo ao clamor de justiça dos mártires indicaria um período milenar de espera até o dia do Juízo ou aponta diretamente para o momento subseqüente aquele em que se completará “o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram”? (Ap 6.11). Em outras palavras, se o juízo ainda não veio porque o número total de mártires da Grande Tribulação não está completo, não fica estabelecida aí uma relação estreita entre a era presente e o juízo final? Caso, contrário, não seria apenas uma questão de se esperar a plenitude dos mártires, mas, muito mais que isto, se faria necessário aguardar mil anos mais com o dissabor de ter de contemplar seus algozes perseguidores no desfrute do reino milenar.

R.17 - Os santos estão completos na segunda vinda de Cristo, que inaugura publicamente o reino antes imperceptível. Este reino tem como uma de suas qualidades a justiça (Romanos 14:17). Não existe incompatibilidade entre o milênio e a justiça de Deus. Os inimigos de Deus não reinarão com os santos, mas ao contrário, serão governados. O fato desta sujeição dos ímpios a uma Teocracia ser superior a qualquer dos reinos dos homens anteriores apenas prova a diferença entre aquele que serve ao Senhor e aquele que não serve (Malaquias 3.18).

P. 18 - Quantas eras existem? Jesus ensinou a existência de duas eras: a era presente e a vindoura, e jamais sequer sugeriu algo como uma terceira era intermediária com duração de mil anos. De acordo com Cristo, o que a era vindoura nos reserva é a ressurreição dos mortos para a vida eterna numa condição angelical onde não haverá mais lugar para casamentos e outras tantas coisas peculiares apenas a era presente.

“E Jesus, respondendo, disse: Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do evangelho, que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições; e no século futuro a vida eterna” (Mc 10.29,30);
“Que não haja de receber muito mais neste mundo, e na idade vindoura a vida eterna”. (Lc 18:30);
“E, respondendo Jesus, disse-lhes: Os filhos deste mundo casam-se, e dão-se em casamento; Mas os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os mortos, nem hão de casar, nem ser dados em casamento” (Lc 20.34,35).

R. 18 - O milênio se dá na era vindoura, sendo o início do Estado Eterno. Os santos já gozam a vida eterna. É preciso ver o milênio da perspectiva dos salvos que reinam, e não na perspectiva das nações subjugadas. Na era vindoura, os salvos não se casam, nem se dão em casamento, não estão sujeitos à morte ou ao sofrimento, entre outras coisas. Esta é a qualidade da era vindoura, uma realidade inaugurada com o milênio, e por óbvio, nele presente, irradiando-se para a eternidade. Quanto aos incrédulos, que estarão fora da cidade santa, pode se entender que representam uma mera reminiscência da antiga era (era dos homens), prestes a se evanescer e desaparecer por toda eternidade, o que não desqualifica o milênio como início da era vindoura (dentro dela), prelúdio do Estado Eterno, com as características apontadas por Cristo. De certa forma, vivemos fenômeno parecido hoje, mas invertido. Pela fé somos vencedores com Cristo, participantes da era vindoura (o reino de Cristo) ainda na era dos homens, sendo a fé o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem (Hb 11.1). O reino de Cristo é suscitado ainda no tempo dos reinos dos homens (Dn 2:44), irradiando-se para a eternidade. Com a segunda vinda de Cristo, o reino dos homens passa a ser possessão de nosso Senhor (Ap 11:15), e subsiste por algum tempo sob o governo de Cristo, que rege os reis e nações da terra com cetro de ferro durante o milênio, até o Juízo Final.

P.19 - Jesus ensinou mais sobre o Reino de Deus do que qualquer outro assunto, então, por que será que ele nunca mencionou nada a respeito de um reino milenar na terra após a sua Segunda Vinda?

R. 19 - Apocalipse é palavra do próprio Cristo (Ap. 1.1). Embora toda a Bíblia também seja palavra de Deus, Apocalipse, curiosamente, destaca Cristo, diretamente, como autor da revelação. As diversas parábolas de Jesus (grão de mostarda, fermento e semente) estão em perfeita sintonia com a ideia de um milênio, pois nelas o reino é semeado na primeira vinda (de Cristo), e colhido na segunda vinda. O reino é eterno, mas Cristo explicou por etapas como ele vem aos homens, e como se manifestará.

P. 20 - Por que os mortos em Cristo que já estavam desfrutando da glória celeste no estado intermediário ressuscitariam para voltar a uma terra onde o pecado e a morte ainda existem? Não seria isto um retrocesso?

R.20 - Eles são imortais em corpos incorruptíveis e REINAM com o Senhor. Cristo esteve entre nós (pecadores) nesta condição por 40 (quarenta) dias (Lc 24: 36-43; At 1:3), razão pela qual o fato não é sequer inédito, pois possui um precedente de grande autoridade na história.

P.21 - A existência de corpos ressurretos e celestiais não reivindica uma vida em uma Nova Jerusalém celestial onde não há mais lugar para o pecado e a morte?

R.21 - É plenamente defensável que no milênio os salvos já vivam na Nova Jerusalém (Ap. 21. 24 - As nações andarão em sua luz, e os reis da terra lhe trarão a sua glória), sendo esta a posição aqui defendida. Embora não exista consenso entre os pré-milenistas, muitos defendem que a vinda de Cristo já trará novos céus e nova terra. Veja-se o comentário do teólogo Wayne Grudem (Teologia Sistemática, versão em espanhol, 2008): “muchos premilenarios sostienen que la tierra será restaurada y que de hecho veremos nuevos cielos y una nueva tierra en este momento (pero no es esencial para el premilenarismo atenerse a esto, porque se puede ser premilenario y sostener que los nuevos cielos y la nueva tierra no ocurrirán hasta después del juicio final)”.

P.22 - Por que adiar o juízo final sobre o mal e por que também adiar o desfrute do destino eterno dos salvos que já estariam prontos para o lar celestial por já estarem de posse de seus corpos glorificados?

R. 22 - Os salvos já desfrutam do Estado Eterno, pois o reino não terá fim. O milênio não é um parêntese, ao menos numa visão pré-milenista histórica que defende novos céus e nova terra já com a segunda vinda de Cristo, mas o início do Estado Eterno.

P. 23 - Como encaixar o milênio entre a Segunda Vinda de Cristo e o Juízo Final, quando Jesus e seus Apóstolos categoricamente ensinaram que o Juízo Final acontecerá imediatamente após a Segunda Vinda?

“E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda” (Mt 25.31.33);
“Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão” (1 Ts 5.2,3);
“Se de fato é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos atribulam, e a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder, quando vier para ser glorificado nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que crêem” (2 Ts 1.6-10).

R. 23 - A passagem de Mt 25:31-33 não é específica para situar o milênio e o julgamento das nações no espaço e no tempo. Assim, é plausível entender que o juízo de Deus sobre as nações se inicia ANTES MESMO da vinda de Cristo (Apocalipse 16:7), quando Deus lança seus flagelos e derrama as taças da sua ira sobre os pecadores (Apocalipse 15 a 18), que mesmo assim não se arrependem, até o dia do Senhor (Ap 9:20-21, e Ap 16:11 e 21), quando todo orgulho será destruído e só Ele será louvado (Isaías 2.17). Será também tarde demais para os ímpios, que se não foram exterminados, ficarão de fora da cidade santa, desenvolvendo-se o juízo de Deus sobre as nações milênio adentro até o Juízo Final. As demais passagens confirmam o juízo sobre a besta, o falso profeta, e os adoradores da besta, que, de fato, padecerão eterna perdição já com a segunda vinda de Cristo.

P.24 - Como dizem os pré-milenistas que o Livro de Apocalipse narra os fatos futuros em ordem cronológica se o nascimento de Jesus registrado no capítulo 12 é descrito logo após a uma narrativa do juízo final registrada no capítulo 11?

R.24 - Pré-milenistas históricos não fazem tal afirmação. Os selos e as trombetas de fato repetem os mesmos eventos com detalhes específicos, e finalizam-se com a segunda vinda de Cristo. Os flagelos (Ap 15) e as taças (Ap 16) também repetem fatos descritos em capítulos anteriores, com outras peculiaridades, chegando-se ao capítulo 19 onde novamente é descrita a segunda vinda de Cristo. Esta repetição não se aplica a Apocalipse 20, especialmente em razão do versículo 10, que é remissivo ao capítulo 19, versículo 20, comprovando o elo de coesão e continuidade entre os capítulos 19 e 20.

P.25 - Como aceitar também que o milênio descrito no capítulo 20 seja um acontecimento imediatamente posterior a Segunda Vinda de Cristo descrita no Capítulo 19, quando o próprio capítulo 19 encerra-se com uma descrição do juízo final que resulta na destruição de todos os inimigos de Deus? Quem restaria das nações para o milênio?

R. 25 - Respondido no item 14 e 15.

P. 26 - O Juízo final não está também sendo narrado no capítulo 14? Se o Apocalipse fosse um livro contendo narrativas seqüênciais dos eventos últimos, quantos "juízos finais" aconteceriam? E quando é que “a seara da terra” estará madura para “o grande lagar da ira de Deus” no final do milênio pré-milenista ou na Segunda Vinda de Cristo? E a descrição do Filho do Homem assentado sobre uma nuvem branca não é uma clara imagem da Segunda Vinda de Cristo? (Ap 14.16; ver também: Mc 13.26; 14.62; Mt 24.30; 26.64; Lc 21.27; 1 Ts 4.17; Ap 1.7 e Dn 7.13);

“Dizendo com grande voz: Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é vinda a hora do seu juízo… Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão, Também este beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro. E a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e aquele que receber o sinal do seu nome... E olhei, e eis uma nuvem branca, e assentado sobre a nuvem um semelhante ao Filho do homem, que tinha sobre a sua cabeça uma coroa de ouro, e na sua mão uma foice aguda... Lança a tua foice, e sega; a hora de segar te é vinda, porque já a seara da terra está madura... E o anjo lançou a sua foice à terra e vindimou as uvas da vinha da terra, e atirou-as no grande lagar da ira de Deus. E o lagar foi pisado fora da cidade, e saiu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, pelo espaço de mil e seiscentos estádios” (Ap 14.7-20).

R. 26 – Primeira parte respondida no item 24. Quanto à completude da seara da terra, como já respondido no item 17, esta se dá com a segunda vinda de Cristo. A perspectiva da totalidade do Israel Espiritual é pré-milenista, se consumando com a segunda vinda de Cristo, nada esclarecendo a Bíblia sobre eventuais pessoas salvas durante o milênio. Embora a possibilidade de salvação durante o milênio seja defensável, e defendida pela maioria dos pré-milenistas, a Bíblia nada diz a respeito do assunto. Se a Bíblia nada diz a respeito, tudo o que se disser será mera especulação. Parece certo afirmar, todavia, que ainda que pessoas possam ser salvas do lago de fogo durante o milênio, elas não governarão a Terra com Cristo e seus santos, ao menos até o fim do milênio. Em Mateus 12:32, Jesus diz: “todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem falar contra o Espírito Santo não será perdoado, nem nesta era NEM NA QUE HÁ DE VIR”. Católicos interpretam essa passagem como um fundamento para o purgatório. Não estaria Cristo, todavia, se referindo a um período, já na era vindoura, em que o perdão de pecados seria possível, à exceção da blasfêmia contra o Espírito Santo? Sabemos que a era vindoura é deflagrada pela segunda vinda de Cristo, não se confundindo com o estado intermediário. Situando-se o milênio já na era vindoura, a afirmação de Cristo pode ser mais do que uma mera força de expressão.

P. 27 - Por que não encontramos o ensino de duas ressurreições separadas por mil anos nas Escrituras do Antigo Testamento, nem nos Evangelhos e nem nas Epístolas, antes, pelo contrário, o que vemos é o claro ensino de que haverá uma ressurreição geral para o juízo final?

“Não fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados” (Jo 5:28-29);
“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (Daniel 12:2)
“Tendo esperança em Deus, como estes mesmos também esperam, de que há de haver ressurreição tanto dos justos como dos injustos” (Atos 24:15)

R. 27 – Apocalipse 20 situa duas ressurreições separadas por mil anos. Quanto às passagens citadas, todas elas apenas confirmam as duas ressurreições (de justos e injustos), sem pretensão de situá-las no tempo e no espaço, mas deixando claro que se referem à era vindoura (deflagrada pela segunda vinda de Cristo). Agora pense no seguinte: A ressurreição dos justos precede o arrebatamento (1 Ts 4:17), e Jesus, em seguida, traz o Juízo sobre a besta e o falso profeta. Se os ímpios ressuscitaram juntamente com os justos, eles foram novamente destruídos por Jesus? Veja que o arrebatamento é posterior à ressurreição e é anterior ao Juízo, pois um foi levado, e o outro deixado. Apocalipse 11:11 confirma essa sequência. Mesmo que fossem ao mesmo tempo (arrebatamento e destruição do ímpio), a ressurreição dos justos já teria ocorrido (1 Ts 4:17). Os discípulos perguntam onde isso acontecerá, e Jesus fala "onde estiverem os cadáveres, ali se ajuntarão os abutres", se referindo ao Juízo subsequente à ressurreição dos justos e ao arrebatamento (Ap. 19:18). Se os ímpios também ressuscitaram com os justos, terão de ser novamente destruídos e terão que ressuscitar novamente, para o Juízo Final, que na visão amilenista se dá concomitantemente à segunda vinda de Cristo. Duas ressurreições dos ímpios? Os ímpios serão destruídos para serem ressuscitados ou ressuscitados para serem destruídos e novamente ressuscitados para o juízo final? Se a resposta é que serão destruídos (na segunda vinda de Cristo) para só depois serem ressuscitados, isso não exige situar os eventos como precedentes (ressurreição dos justos e arrebatamento) e subsequentes (destruição dos pecadores e ressurreição dos ímpios), ainda que no mesmo dia (Dia do Senhor)? Isso obriga o próprio amilenista a separar as ressurreições no espaço e no tempo, assim como o pré-milenista, e esvazia por completo as passagens citadas como argumentos em prol de uma ressurreição conjunta.

P. 28 - Por que os discípulos deveriam almejar um reinado milenar na terra quando o que Jesus lhes prometeu foi um lar celestial? O que Jesus prometeu foi voltar para levá-los para si ou voltar para ficar com eles, constituindo um reino aqui na terra?

“E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também” (Jo 14:3)
“Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3:20).

R. 28 - A nossa cidade é do céu e está no céu, mas desce. "Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu”. (Ap. 21. 2). Seremos levados para a cidade celestial que desce dos céus.

P. 29 - Onde é que Pedro disse que se cumpriria a promessa de justiça: na velha terra ou nos novos céus e terra?

“Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça (2 Pe 3:13)”

R. 29 - Respondido no item 21.

P. 30 - Se Jesus declarou que seu reino não era deste mundo, por que ele teria de voltar para reinar na terra?

“Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora omeu reino não é daqui” (Jo 18:36);
“E dizia-lhes: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo” (Jo 8:23)

R. 30 - O milênio não é reino do mundo, e não vem deste mundo (pois desce do céu), é o reino de Deus. O governo de todos os reinos do mundo acaba com a segunda vinda de Cristo (Dn 2-44-45). Os reinos do mundo se tornam possessão de Cristo, e ele é quem governará pessoalmente os reis e nações da terra (Apocalipse 11:15).

P. 31 – Qual seria a duração do Reino de Cristo de acordo com as profecias do Antigo e Novo Testamento?

“Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre” (Dn 2:44);
“O seu reino é um reino sempiterno, e o seu domínio de geração em geração” (Dn 4:3);
“E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído. (Dn 7:14);
“E o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será um reino eterno, e todos os domínios o servirão, e lhe obedecerão” (Dn 7:27);
“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto” (Is9.6,7);
“O teu reino é um reino eterno; o teu domínio dura em todas as gerações” (Sl 145:13);
“O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu reino é um cetro de eqüidade” (Sl 45:6);
“Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lc 1:32,33)
“Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2Pe 1:11);

R. 31 - O Milênio, que sequer precisa ser de mil anos literais para um pré-milenista (desde que seja um período de tempo após a segunda vinda de Cristo) não é um marco temporal do reino de Deus, que é eterno. É um marco temporal para a derrota definitiva de Satanás, do inferno e da própria morte, esta última já sem poder sobre os salvos desde o início do milênio, pois sobre eles não tem poder a segunda morte (Ap. 20:6).

P. 32 – Onde está o trono do Rei Jesus: na terra ou no céu?

“E logo fui arrebatado no Espírito, e eis que um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono” (Ap 4:2);
“Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono” (Ap 3.21) ;
“Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima” (Ap 7.17)
“E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles (Ap 20:11);
“E ouvi toda a criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre” (Ap 5.13);
“O SENHOR tem estabelecido o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo” (Sl 103:19).
“E, o que jurar pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que está assentado nele” (Mt 23:22)
“Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus” (Mt 5:34)
“O céu é o meu trono, E a terra o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis? diz o Senhor, Ou qual é o lugar do meu repouso?” (At 7.49).
“Mas quando este sacerdote acabou de oferecer, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à direita de Deus. Daí em diante, ele está esperando até que os seus inimigos sejam colocados como estrado dos seus pés” (Hb 10.12-13);

R. 32 - "Venha a nós o vosso reino e Seja feita a vossa vontade, assim na TERRA como no CÉU”; O reino (e o seu trono) é do céu, e do céu é trazido para terra.

P. 33 - Por que nem mesmo Apocalipse 20 descreve Jesus fisicamente reinando em um trono na cidade de Jerusalém e por que o Apocalipse diz que Jesus precisou ser arrebatado da terra para chegar ao seu trono celeste para reger as nações com vara de ferro?

“E deu à luz um filho homem que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono” (Ap 12:5)

R. 33 - Apocalipse 12:5 não afirma isso. Afirma que ele de reger as nações e também afirma que ele está no seu trono no céu. Não coloca os eventos como decorrentes um do outro. O advérbio "há", por sua vez, sugere, no contexto, futuro.

P. 34 - Quantas vezes Satanás será amarrado e solto? Como interpretar os seguintes textos que falam de Satanás como já tendo sido amarrado e perdido poder por ocasião da Primeira Vinda de Cristo?

 “Ou, como pode alguém entrar na casa do valente, e roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente?” (Mt 12:29)
"Eu vi Satanás caindo do céu como relâmpago. Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum.” (Lc 10:18,19).

R. 34 - Melhor respondido nesse texto: http://thusiadezebah.blogspot.com.br/2016/01/pre-milenismo-classico-vs-amilenismo-1.html, na parte “Perspectiva pré-milenista histórica dos principais argumentos amilenistas”.

P. 35 – Por que não reconhecer a afirmação de Cristo que declarou que o Reino de Deus já havia chegado em seus dias tendo como um dos sinais a expulsão de demônios pelo Espírito Santo de Deus?

“Mas se é pelo Espírito de Deus que eu expulso demônios, então chegou a vocês o Reino de Deus” (Mt 12:28)
“Todo poder me é dado no céu e na terra” (Mt 28.18);
“Tudo sujeitaste debaixo dos seus pés. Ao lhe sujeitar todas as coisas, nada deixou que não lhe estivesse sujeito. Agora, porém, ainda não vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas. Vemos, todavia, aquele que por um pouco foi feito menor do que os anjos, Jesus, coroado de honra e glória por ter sofrido a morte, para que, pela graça de Deus, em favor de todos, experimentasse a morte” (Hb 2.8-9; ver também 1 Co 15.25 e Mt 16.18).

R. 35 - Melhor respondido nesse texto: http://thusiadezebah.blogspot.com.br/2016/01/pre-milenismo-classico-vs-amilenismo-1.html, na parte “Perspectiva pré-milenista histórica dos principais argumentos amilenistas”.

P. 36 - Após a Segunda Vinda gloriosa de Cristo, haverá realmente um retorno aos “rudimentos fracos e pobres”, tais como o templo em Jerusalém, os sacrifícios, a exaltação judaica e coisas desta natureza?

“Mas agora, conhecendo a Deus, ou melhor, sendo por ele conhecidos, como é que estão voltando àqueles mesmos princípios elementares, fracos e sem poder? Querem ser escravizados por eles outra vez?” (Gl 4.9)
“Dessa forma, o Espírito Santo estava mostrando que ainda não havia sido manifestado o caminho para o Santo dos Santos enquanto ainda permanecia o primeiro tabernáculo. Isso é uma ilustração para os nossos dias, indicando que as ofertas e os sacrifícios oferecidos não podiam dar ao adorador uma consciência perfeitamente limpa. Eram apenas prescrições que tratavam de comida e bebida e de várias cerimônias de purificação com água; essas ordenanças exteriores foram impostas até o tempo da nova ordem. Quando Cristo veio como sumo sacerdote dos benefícios agora presentes, ele adentrou o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito pelo homem, isto é, não pertencente a esta criação. Não por meio de sangue de bodes e novilhos, mas pelo seu próprio sangue, ele entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, e obteve eterna redenção.” (Hb 9.8-12)
“A Lei traz apenas uma sombra dos benefícios que hão devir, e não a realidade dos mesmos. Por isso ela nunca consegue, mediante os mesmos sacrifícios repetidos ano após ano, aperfeiçoar os que se aproximam para adorar. Se pudesse fazê-lo, não deixariam de ser oferecidos? ... Por isso, quando Cristo veio ao mundo, disse: Sacrifício e oferta não quiseste, mas um corpo me preparaste; de holocaustos e ofertas pelo pecado não te agradaste... Mas quando este sacerdote acabou de oferecer, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à direita de Deus. Daí em diante, ele está esperando até que os seus inimigos sejam colocados como estrado dos seus pés; porque, por meio de um único sacrifício, ele aperfeiçoou para sempre os que estão sendo santificados”(Hb 10.1-14)

R. 36 - Essas são crenças do dispensacionalismo (e não do pré-milenismo clássico) incompatíveis com o Israel Espiritual, que é a igreja, e com a salvação pela fé.


sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

PRÉ-MILENISMO HISTÓRICO (CLÁSSICO) - 2ª PARTE



ISRAEL E A IGREJA

Um ponto interessante em favor do pré-milenismo histórico é a visão sóbria que possui sobre Israel e a Igreja, em contraste com a tensão existente entre a visão do pré-milenismo dispensacionalista e a visão amilenista.

Enquanto no dispensacionalismo Deus tem um plano específico para com Israel, apartado do plano de salvação para a igreja (vide arrebatamento pré-tribulacional), no amilenismo a igreja é o verdadeiro e único Israel de Deus, não existindo um trato específico para com os judeus seculares.

O pré-milenismo histórico concorda com o amilenismo quanto à igreja ser o verdadeiro e único Israel de Deus, mas não ignora as diversas promessas feitas no antigo testamento a Israel, nem acredita que Deus rejeitou (em sua totalidade) a descendência natural de Abraão.

Embora os primeiros cristãos fossem todos judeus, após se abrir aos gentios a Igreja foi aos poucos se desligando de suas raízes originais. Houve várias causas para isso, uma das quais foi a destruição de Jerusalém em 70 d.C. O fim das perseguições aos crentes séculos mais tarde estimulou a crença de que não existiria um milênio após a segunda vinda de Cristo, fazendo com que os cristãos desprezassem a história da nação de Israel e o entendimento judaico das revelações de Deus. Isso preparou o caminho para a Igreja se considerar o novo Israel de Deus, herdeira de todas as promessas do Velho Testamento (num sentido meramente espiritual), deixando Israel como povo e nação completamente fora (por isso muitos amilenistas desprezam por completo o que se sucede atualmente ao Estado de Israel).

A crença de que muitas das promessas de Deus feitas a Israel apenas poderão se cumprir em um milênio após a vinda de Cristo encontra espaço tanto no dispensacionalismo quanto no pré-milenismo clássico, todavia, para este último, as promessas feitas a Israel no antigo testamento não dizem respeito somente ao Israel terreno, mas também à Igreja. O Israel que reinará com Cristo no milênio é a Igreja formada dos remanescentes de Israel e pelos gentios de todo povo, língua e nação.  

Assim, nem os judeus (aqui entendido como israelitas em geral) foram esquecidos, como a intepretação amilenista induz aceitar, nem a igreja é um parênteses na história do povo de Deus, como afirma o dispensacionalismo, pois a igreja é o próprio povo de Deus.

E o apóstolo Paulo deixa isso muito claro na sua epístola aos Romanos:

Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades. (Romanos 11:25-26).

Nesta passagem paulina Israel é citado tanto em sentido terreno como espiritual. “Até que a plenitude dos gentios haja entrado” diz respeito à entrada dos gentios nas promessas feitas a Abraão. “Todo o Israel”, por sua vez, são os crentes israelitas naturais e os gentios (que entraram). O apóstolo Paulo, assim, não está a afirmar que existe um plano de salvação diferente daquele existente na igreja, como afirma o dispensacionalismo. É o próprio contexto que refuta tal ideia:

Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. (Romanos 11:1)

Digo, pois: Porventura tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum, mas pela sua queda veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação. E se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude! Porque convosco falo, gentios, que, enquanto for apóstolo dos gentios, exalto o meu ministério; Para ver se de alguma maneira posso incitar à emulação os da minha carne e salvar alguns deles. Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos? (Romanos 11:11-15).

Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira! (Romanos 11:24)

Deus não esqueceu do Israel natural, mas a salvação deste será por inclusão no corpo de Cristo, que é a Igreja (1 Coríntios 12:27; Colossenses 1:18; Efésios 1-22-23). Cristo não possui dois corpos! Os ramos naturais serão enxertados na sua própria oliveira, onde os não naturais (ramos do zambujeiro) já estão enxertados. A rejeição dos judeus representou a reconciliação do mundo, mas a conversão dos mesmos precederá evento ainda maior, que é a ressurreição dos mortos (Romanos 11:15). A conversão dos judeus é o prenúncio da salvação completa de todo o Israel (Espiritual), a salvação de todos os eleitos de todas as épocas. Deve se frisar que o universalismo para como os judeus, aqui tratado, é escatológico, e não presente; é representativo, e não absoluto. A salvação dos judeus não é na carne, mas pela fé em Cristo. Judeus carnais que não se converterem, no fim das contas, não eram israelitas de fato (Romanos 9:6-7).

Assim, os judeus cristãos são parte da igreja, e os que ainda irão se converter, antes da ressurreição dos mortos, também integram a igreja. Os crentes (judeus e gentios) que estiverem vivos, por ocasião da vinda de Cristo (no fim da grande tribulação), e da ressurreição dos justos, serão transformados. Judeus carnais não reinarão com Cristo no milênio. Nenhuma carne e sangue poderão reinar com Cristo na sua vinda ("E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus” – 1 Coríntios 15:50).

A Igreja é o verdadeiro Israel de Deus:

Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus (Romanos 2-28-29).

Porque nem todos os que são de Israel são israelitas; Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos (Romanos 9:6-7)

Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. (Efésios 2:11-13).

Em Cristo, os gentios são integrados à comunidade de Israel e passam a ser participantes das promessas que a este foram feitas (Efésios 2:11-13). O Israel terreno, por sua vez, como povo e território, não foi esquecido, pois dele ainda virão muitos eleitos, que ainda se converterão. O território de Israel, por sua vez, sempre foi e continuará sendo palco dos principais eventos bíblicos. O pré-milenismo histórico, por isso, não vê com indiferença escatológica o que se sucede ao povo judeu e ao atual Estado de Israel, mas compreende que o verdadeiro Israel é a Igreja, do qual o Israel terreno, não esquecido por Deus por causa dos eleitos nele existentes, é apenas sombra.


(Em breve uma continuação)