quarta-feira, 7 de abril de 2010

Oração


Até que idade se admite que uma criança suje suas calças de urina e fezes? Até quando tu serás paciente, pai eterno? Repetidas vezes voltei à estaca zero, e aqui estou novamente. Minhas orações soam pra mim mesmo como ato de insolência, cínicas, embora geralmente não haja qualquer dissimulação em minhas palavras. Nem sou tão tolo a ponto de achar que posso ludibriá-lo e usá-lo, tal como quem usa uma utilidade qualquer. Não há dissimulação em mim, mas é como se houvesse. Aqui, rogo pela sua graça, tão abundante quanto uma fonte eterna. Uma fonte sagrada onde eu constantemente lavo minhas imundícies, com um consciente constrangimento de quem também está profanando algo sagrado. Estou, e me arrependo, mas não consigo parar. Pedro negou a ti três vezes depois de ter te jurado fidelidade até a morte, e após o erro, o arrependimento amargo. De que valeram as juras? E o arrependimento amargo, de que valeu naquela ocasião? Judas se arrependeu amargamente para a própria morte, mas para Pedro tu reservaste a cura. Minhas lágrimas não me comovem mais, como moverão a ti? Em minha pretensão de astúcia imagino como devo ser, mas meus passos me guiam para um sentido que eu não quero ir. Sou como o boi que vai ao matadouro, como a ave que se apressa para o laço e não sabe que ele está ali contra sua vida. Pior que isto é conduzir-se à loucura regido pela sapiência. É uma opressão muito grande! Se a opressão faz endoidecer até o sábio, quanto mais um néscio. Tenho visto grande corrupção, não há ninguém que não possa ser corrompido, o suborno realmente corrompe o coração. Livra-me, portanto, destas fraquezas que me inclinam a aceitar lodo como moeda de troca. Por pouco ou por muito Agripa não se tornou Cristão, por pouco ou por muito um homem conhecerá a segunda morte. Mas tudo isso aprouve a ti. Tenho tantos planos, mas não possuo vigor para tanto. Somente a cura poderá me redimir, algo que não está em mim, está em ti. Se te aprouver que eu seja curado, curado estarei. Somente então terei vigor para lutar e sofrer, perder e ganhar. Foi o que aconteceu com Pedro, que velho foi levado para onde não queria, mas já não havia o que temer. Só tu me conheces, ó Deus, e ninguém mais. Só tu podes me julgar. Seja a tua sentença a salvação, que é melhor que a mera absolvição para quem foi privado de razão. Tua sentença dá a remissão. Dá-me também a cura, não para que não venha a adoecer nunca mais, mas para que esta chaga que me machuca não me atormente mais. Amém.

3 comentários:

  1. reconheço em qualquer lugar as suas palavras. Bela oração meu irmão! Deus não tem paciência, ele é todo benigno e paciente com quem tem um coração que sinceramente o serve em espírito. Não seja mais severo consigo do que Cristo seria. Vá e não peques mais parece ser um conselho muito fraco e leviano? Não é. É a confiança de Cristo num coração quebrantado. Desejo que vc encontre seu caminho. Um grande abraço, Em Cristo,

    Rafael.

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  2. O seu dilema não é novo na humanidade, Paulo já dizia:
    “Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.” (Rm 7:15-20)
    Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer (Rm 3:10). Fato esse que não nos redime de nossos erros, o que só nos mostra a permanente necessidade de estarmos aos pés do Senhor, buscando por suas misericórdias e ajuda.
    Lendo os textos do seu blog gostaria de registrar que foi uma feliz surpresa vê a sua “intimidade” em “manusear” a palavra de Deus, pois hoje vivemos no meio de uma geração que gosta de muito movimento, mas é superficial espiritualmente falando. E se me permite, gostaria de lembrar algumas “dicas” que possam te ajudar a não recair no erro.
    1º - Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido. (Josué 1:8) Esconde a palavra do Senhor no meu coração, para não pecar. (Conf. Salmos 119:11)
    2º - Não ande segundo o conselho dos ímpios, nem se detenha no caminho dos pecadores, nem se assente na roda dos escarnecedores. (Salmos 1:1)
    3º - Não porá coisa má diante dos teus olhos. (Salmos 101:3)
    4º - Não deis lugar ao diabo. (Efésios 4:27)

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  3. Obrigado pelo oportuno comentário, Lilian! Certamente o dilema continuará durante toda a vida na terra, mas Cristo é nosso advogado. A fé é necessária para não esmorecermos e desistirmos no meio do caminho. Seus conselhos valem pra mim e para todos que passam, passaram ou ainda passarão pelo mesmo dilema. Abraço.

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